segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Conheça a Síndrome de Asperger

Filme mostra características da doença que afeta 70 milhões de pessoas no mundo

Paula (à esquerda) e a filha Júlia Balducci ficaram satisfeitas com o resultado da filmagem

Documentário revela cérebro do autista Arquivo pessoal/Arquivo pessoalO transtorno que atinge o desenvolvimento do cérebro social — autismo — é tema de um tocante documentário gravado pela ONG Autismo & Realidade — Associação de Estudos e Apoio. Apresentado recentemente em Porto Alegre e batizado de Em Busca de um Novo Caminho — Desmistificando o Autismo, o filme de 45 minutos deve ser comercializado para um canal de televisão por assinatura nos próximos meses. Baseado na forma com o psiquiatra e idealizador da ONG Marcos Tomanik Mercadante (falecido em 2011) entendia a doença, o documentário conta com a participação de Júlia Balducci de Oliveira, portadora da Síndrome de Asperger, como assistente de direção. Formada em cinema, Júlia é portadora de uma desordem genética semelhante ao autismo e traz ao documentário a interferência real de uma pessoa que convive com o problema internamente, todos os dias. Confira a seguir a entrevista com ela:

Vida — Como foi para você fazer parte deste trabalho?
Júlia — Foi maravilhoso! Tive a oportunidade de aprender a me relacionar com os membros da equipe, me expor a situações novas e aprender sobre técnicas específicas de filmagem, roteiro e animação, além das sutilezas da profissão. Foi muito rica a experiência como assistente de direção e atriz.

Vida — Você aprendeu mais sobre você mesma fazendo este filme?
Júlia — Pude entrar em contato com outros casos de autismo e conhecer suas famílias. Tive contato com pessoas que passam por algumas coisas pelas quais eu passo também e isso foi muito bom para mim. Fiquei feliz em ver que esta experiência é o que realmente quero para a minha profissão...trabalhar com cinema.

Vida — Qual o principal mito que as pessoas têm sobre o autismo?
Júlia — Que são pessoas que ficam em suas casas, que não se relacionam com o mundo, que não têm sentimentos, que não entendem piadas e são incapazes de entrar para o mercado de trabalho. Para mim este filme é a oportunidade de demonstrar exatamente o contrário. Assim como eu, uma pessoa que tem a Síndrome de Asperger (uma das formas de autismo) pode estar no mercado de trabalho, sair de casa, conviver e participar...interagindo com as pessoas, gostando delas e amando o que faz, tais como: Steven Spielberg, Stanley Kulbrick e Alfred Hitchock.

Vida — Você enfrenta algum tipo de preconceito por causa da desinformação das pessoas?
Júlia — Muitos. As pessoas tendem a ignorar o que eu falo, o que eu penso, por não saberem lidar comigo. Elas não entendem que posso vir a gostar delas, querer a presença delas, mas não necessariamente irei querer beijá-las e abraçá-las.

Vida — Como o documentário ajuda a compreender os comportamentos de um autista?
Júlia — Conseguimos transmitir com esse documentário, exatamente a maneira com que o médico Marcos Tomanik Mercadante (in memorian) - compreendia o funcionamento do cérebro autista. Ele pensava que cada indivíduo com autismo é diferente um do outro, com comportamentos diferentes entre si. Por isso é importante planejar uma intervenção específica para cada um. A família é muito importante nesse processo e sem dúvida, ter tido um médico como ele e uma família como a minha, sempre por perto, acreditando e investindo o seu tempo em mim foi, é e sempre será muito importante para o meu desenvolvimento. 

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