"Modalidade não deve ser confundida com Educação Especial", afirma Gisele Lemes Vitório
Fonte: Estado de Minas (MG)
O Brasil tem, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 24,5 milhões de pessoas (14,5% da população) com alguma deficiência, sendo que 48% desse total têm deficiência visual, 23% deficiência motora, 17% deficiência auditiva, 8% deficiência intelectual e 4% deficiência física. Ao todo, 4,3 milhões (2,5% da população) têm restrições severas.
A maioria delas poderia estudar e trabalhar se tivesse oportunidade, mas as pessoas ditas “especiais” são tratadas de maneira diferente, sendo obrigadas, muitas vezes, a ficar em casa, porque a sociedade restringe o acesso a Educação de qualidade, à áreas de lazer e até mesmo ao direito de trabalhar.
A Educação inclusiva atenta à diversidade inerente à espécie humana, busca perceber e atender as necessidades educativas especiais de todos os sujeitos-Alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de Ensino, para promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Prática pedagógica coletiva, multifacetada, dinâmica e flexível, requer mudanças significativas na estrutura e no funcionamento das Escolas, na formação humana dos Professores e nas relações família-Escola. O Ensino inclusivo não deve ser confundido com Educação especial, embora o contemple.
Como lidar então com a sociedade que exclui aquelas pessoas que ela mesma chama de especiais? Se são especiais, porque não têm acesso às ruas, ao emprego e à Educação? Simples: porque não envolvemos a sociedade com habilidades de entender o outro, de compreender que, apesar de uma limitação física ou mental, todo e qualquer ser humano é igual. Para o maior envolvimento da sociedade, precisamos ensinar às crianças desde cedo que frases como “coitadinho”, “ele não pode”, “ele não consegue” destroem a autoestima e a capacidade de superação desses indivíduos.
Precisamos educar nossas crianças para a aceitação do diferente, do novo, para dizer “obrigada”, “por favor”, “preciso de ajuda” e “posso ajudar?”; para mostrar, por meio de atitudes, que o colega especial não é, em nenhum momento, deficiente de sentimentos como carinho, compreensão, amizade, e muito menos pode ser considerado como alguém sem capacidade, pois esse Aluno, por muitos considerado inválido, é o que talvez demonstre maior capacidade de se superar e mostrar eficiência.
As habilidades sociais para entender as diferenças – porém compreender as equivalências – devem ser praticadas desde cedo em casa e na Escola. Pais e Professores devem se unir pelo amor a toda e qualquer criança. A Escola, por sua vez, deve ser um ambiente social amigável, não protetor, mas inclusivo, deve ser para todos referência para lidar com as diferenças. As práticas de inclusão devem ser inseridas no cotidiano das crianças por meio de um aprendizado sistemático de valores, passados de modo natural, onde cada criança, independentemente de sua necessidade, seja tratada com afeto e possa desenvolver esse mesmo sentimento.
Com o aprendizado das habilidades sociais estruturado, teremos no futuro adultos mais educados e, por outro lado, portadores de necessidades especiais mais respeitados, podendo mostrar ainda mais seu desempenho e papel na sociedade; a capacidade natural de transformar possibilidades em realidades.